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segunda-feira, julho 16, 2012


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Eu estudei e trabalhei na Escolinha de Artes do Brasil que fica em Botafogo que época boa aquela e procurando sobre a escolinha, achei este artigo que gostei muito que fala sobre Augusto Rodrigues a mais abaixo sobre a Escolinha.
Beijinhos cheiiiiinhos de contos e encantos!

Augusto Rodrigues: um educador com arte

Por :Mara Lúcia Martins
Detesto a escola repressiva... eu tinha também a minha vida fora da escola, e muito plena. A vida onde havia o devaneio, a exploração do rio, a natureza, os jogos onde a fantasia estava muito presente.
(Augusto Rodrigues)

Augusto Rodrigues nasceu em Recife/PE, em 1913. Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, caricaturista e poeta, trabalhou no ateliê de Percy Lau e realizou sua primeira exposição individual em 1933, ainda em Recife. Dentre seus trabalhos os ligados ao desenho são os de maior repercussão nas artes, mas em qualquer de seus trabalhos existia lirismo, sensibilidade cromática, concisão formal e beleza do desenho.
Em 1935 mudou-se para o Rio de Janeiro onde começou a aparecer nos jornais como ilustrador e realizou uma das suas maiores obras: em 1948 ele fundou a Escolinha de Arte do Brasil (EAB), na Biblioteca Castro Alves. A escola tinha como característica a diferença das consideradas "normais" e era frequentada por crianças, as especiais principalmente, que podiam desenhar em grandes papéis, cantar, desafinar, colher flores no jardim e brincar, acima de tudo, e muito!
Essa noção moderna de escola foi baseada por Augusto Rodrigues na sua própria infância - quando criança não se deu muito bem nas escolas, não por não ser inteligente, mas porque desde muito cedo possuía alma de artista e percebia as coisas de modo divergente, não se adaptava às normas e ao excesso de regras das escolas convencionais. Ele dizia: "No fundo, eu me formei na rua, em contato com as pessoas, evidentemente passando por uma escola. A minha primeira escola foi uma experiência muito triste porque não só eu me via impossibilitado de me movimentar, de falar, de viver, como também olhava as outras crianças impedidas igualmente de se expressarem. A escola era sombria, era triste, a professora também era sombria, e eu sentia uma preocupação, uma tensão dessa professora de imprimir nas crianças coisas que não tinham nenhum sentido para elas. Nós teríamos que aprender o que interessava a ela ensinar e teríamos que abdicar aquilo que era fundamental para nós, que era brincar".

Vários prêmios e uma carreira muito bem sucedida

Em 1953 recebeu um prêmio por seus trabalhos apresentados no Salão Brasileiro de Arte Moderna e com o dinheiro pode viajar pelos países europeus durante o período de 1955 e 1956, quando teve contato com arte europeia de grande valia para a expansão da sua expressão. E em 1960, fundou e tornou-se o primeiro presidente da Associação dos Artistas Plásticos Contemporâneos (Arco).
Na década de 1980, escreveu seu primeiro livro "A Fé entre os Desencantos". Ainda nesta década recebeu vários prêmios bem significativos para sua carreira: Medalha Anchieta, da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro (1982); Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisa Social de Pernambuco (1982); Medalha Pernambucana do Mérito, Classe Ouro, do governo do Estado de Pernambuco (1986) e o título de Doutor Honoris Causa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (1988).
Ainda na década de 1980 participou da fundação do Museu do Desenho e Gravura, de Itajaí (SC), doando seu acervo de gravuras e desenhos de artistas e estrangeiros. Em 1982, em Florianópolis (SC), participou da organização da Oficina de Desenho e Gravura do Museu de Florianópolis que recebeu o nome Atelier Livre de Gravura Augusto Rodrigues.
Na década de 1990, no pouco tempo em que esteve vivo - morreu em 1993 -, foi eleito Presidente de Honra do Colloque Homme, Santé, Tropique, da Universidade de Poitiers (1990); foi lançado em Recife (PE) o livro com sua biografia: Augusto Rodrigues: o Artista e a Arte, Poeticamente, de Rosza W. Vel. Zoladz, da Editora Civilização Brasileira, na Escolinha de Arte do Recife (1991); foi homenageado no 6º Congresso Nacional da Federação de Arte-Educação do Brasil (Confaeb), na Universidade Federal e na Universidade Católica de Pernambuco (1993); e a ele foi entregue a Medalha Comemorativa Augusto Rodrigues na Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.

EAB fez a diferença na carreira do educador

Na criação da Sociedade Pestalozzi - uma escola para educação de crianças especiais - a contribuição de Augusto se deu quando se tornou professor de crianças e adultos. Principalmente com as crianças aprendeu que a atividade artística poderia ser motivo de estudo, registro e debates. Dona Helena, criadora da Sociedade, acreditava que a arte, como expressão livre e criadora, era o meio de educação por excelência, e que o artista tinha um papel fundamental na educação - maior do que os pedagogos e psicólogos. Por isso convidou Augusto Rodrigues para lecionar na escola.
Já uma das maiores criações de Augusto Rodrigues foi feita nos anos de 1970, juntamente com a gaúcha Lúcia Alencastro Valentim e a escultora norte-americana Margareth Spencer - a Escolinha de Arte do Brasil (EAB). A criação desta escola, fora do modelo oficial, há muito habitava os sonhos de Augusto. Logo cedo desejou fazer arte e, certa vez, conta ele que tentando vender uma assinatura de jornal ao psiquiatra Ulisses Pernambuco travou o seguinte diálogo: "Ele me perguntou se eu ia à escola, eu respondi que não (...) O que você gosta de fazer? Eu disse que gostava de fazer arte e ele respondeu: Muito bem, faça arte. Você tem que fazer aquilo que gosta para não ficar à margem da profissão".
A EAB, hoje espalhada por vários pontos do país, oferece à criança uma proposta diferente com a oportunidade para atividades de criação artística. Representa, no Brasil, alguma coisa que se poderia considerar óbvia, e que, entretanto, é, no gênero, talvez, o que mais significativo se faz entre nós no campo da educação infantil.
Ele mesmo definiu, como ninguém a EAB: "Na imensa aridez da paisagem das escolas nacionais, paisagem que lembra aspectos de nossos desertos, as escolinhas de arte são oásis de sombra e luz. Em que as crianças se encontram consigo mesmo e com a alegria de viver, tão 'deliberadamente' banida das 'escolas' convencionais de 'retalhos de informação', secos e duros como a vegetação habitual das zonas áridas. Mas não é somente a escolinha de arte uma inovação pedagógica. É também inovação do próprio conceito de arte, pois esta já não é a atividade especial das criaturas excepcionais, mas atividades inerentes ao senso humano da vida, que, felizmente, ainda se pode encontrar nas crianças que não foram completamente deformadas pelos condicionamentos inevitáveis da instrução morta e fragmentada das escolas convencionais. É essa a grande motivação das escolinhas de arte - dar às crianças oportunidade para a mais educativa das atividades, a atividade da criação artística".
Fica então muito bem circunscrita a contribuição de Augusto Rodrigues para a Arte/Educação brasileira - o seu conhecimento espalhou e estimulou em todo território nacional a necessidade de inclusão da Arte na educação escolar, chegando a confundir sua história com a EAB. Por isto e pela modernidade na educação ele merece o respeitado e admiração como grande Educador que foi.



Escolinha de Arte do Brasil   


Histórico
A Escolinha de Arte do Brasil é criada em 1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa do artista pernambucano
Augusto Rodrigues (1913 - 1993), da artista gaúcha Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora norte-americana Margareth Spencer (1914). A Escolinha, que coloca o foco nas distintas expressões artísticas (dança, pintura, teatro, desenho, poesia etc.), funciona nas dependências da Biblioteca Castro Alves, do Instituto de Previdência e Assistência Social dos Servidores de Estado - Ipase, voltada fundamentalmente para o público infantil. O filósofo e teórico da arte Herbert Read (1893 - 1968) fornece as principais inspirações para a experiência, sistematizadas em sua obra Education through Art (1943). As idéias de Read - ancoradas no princípio de que a educação é o fundamento da arte - são também conhecidas do público brasileiro da época em função da exposição de arte infantil por ele organizada no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, Rio de Janeiro, em 1941. O espírito não diretivo e aberto da Escolinha de Arte do Brasil pode ser aferido na tentativa de ampliação do repertório artístico pela inclusão de elementos da arte popular e do folclore (por exemplo, teatro de fantoches e bonecos), na intensificação do diálogo entre as diferentes modalidades artísticas, ou na adoção de um método pouco convencional de ensino. Diz Lúcia Valentim: "Nossa grande mestra foi sem dúvida a criança. Havíamos decidido nos guiar por ela: observar o que ela fazia; oferecer situações novas e verificar como reagia; analisar o que recusava; documentar como progredia".

A Escolinha recebe forte apoio de educadores atuantes, como Anísio Teixeira (1900 - 1971) e Helena Antipoff (1892 - 1974). Esta é especialmente ligada a Augusto Rodrigues, em função do trabalho conjunto na Sociedade Pestalozzi, por ela criada em 1948, e na qual Augusto é professor. Vale lembrar que as relações entre arte e educação especial mobilizam a Escolinha de Arte do Brasil desde o início, favorecidas por convênios com a Pestalozzi e com a Apae, por intermédio de Antipoff e de Nise da Silveira (1905 - 1999). Experiências educacionais como essas ainda hoje enfrentam forte resistência por parte de muitos profissionais, apesar dos insubstituíveis serviços prestados às famílias de crianças deficientes. Outro traço importante do perfil e da atuação da Escolinha diz respeito às tentativas que empreende para difundir concepções mais modernas na área da educação artística com criação de veículos próprios como o jornal Arte & Educação, editado a partir de 1970. A produção de materiais específicos para o ensino de arte é outra inovação da Escolinha de Arte do Brasil, que sistematiza, pela primeira vez, técnicas pouco conhecidas e, até hoje, utilizadas pelas escolas: lápis de cera e anilina; lápis de cera e varsol; desenho de olhos fechados; impressão e pintura de dedo, mosaico de papel; recorte e colagem coletiva sobre papel preto; carimbo de batata; bordado criador, desenho raspado e de giz molhado, entre outras.

As primeiras escolas especializadas em arte para crianças e adolescentes remontam à década de 1930, às experiências como as da Escola Brasileira de Arte, de São Paulo, dirigida por Theodoro Braga (1872 - 1953), e aos cursos de Anita Malfatti (1889 - 1964), oferecidos em seu ateliê e na Biblioteca Infantil Municipal do Departamento de Cultura de São Paulo, dirigido por Mário de Andrade (1893 - 1945) entre 1935 e 1938. Essas experiências se caracterizam pela idéia da aprendizagem livre e do incentivo à expressão criativa, na contramão do ensino oficial de artes tal como instituído em seguida no período do Estado Novo, quando as aulas de desenho geométrico e cópia de estampas são introduzidas na escola primária e secundária com a finalidade de orientar ao máximo a formação artística, adequando-a aos modelos e padrões vigentes. Na década de 1940, novas experiências na área da educação artística têm lugar no país, com o intuito de formar artistas e educar o gosto em função da liberdade expressiva. A Escola Guignard, criada em 1943, na cidade de Belo Horizonte, é ótimo exemplo de um modelo não convencional de educação artística. Em relação às crianças, especialmente, amplo trabalho é feito pelos artistas que abrem os seus ateliês para a experimentação livre. No Recife, por exemplo, Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987) fornece lápis, papel e tinta para as crianças, deixando que elas se expressem de modo não dirigido. Também as escolas Waldorf incentivam a integração entre arte e educação, no Brasil, desde a década de 1950.

A despeito de importantes iniciativas individuais, a Escolinha de Arte do Brasil altera o panorama do ensino artístico, multiplicando as experiências na área de arte e educação em diversas regiões do país. Sua criação está na base do Movimento Escolinhas de Arte - MEA, que congrega diversas escolinhas de arte, nos anos 1950, 1960 e 1970: a do Rio de Janeiro, da Bahia e do Recife, por exemplo. Podem ser considerados desdobramentos importantes da Escolinha de Arte do Brasil o Ateliê Infantil do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, criado por Ivan Serpa (1923 - 1973), em 1972, e os cursos de licenciatura em educação artística, instituídos em 1973. Não se deve esquecer que a despeito da ênfase na liberdade de criação, o MEA procura interferir no ensino regular de arte nas escolas públicas. Algumas iniciativas são tomadas nessa direção, por exemplo, a organização de um curso promovido pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC e pela Escolinha de Arte do Brasil, em 1971, para preparar as equipes das Secretarias de Educação para de orientar a implantação da disciplina de educação artística, obrigatória a partir da década de 1970. Com o tempo, portanto, a Escolinha de Arte do Brasil volta-se também para o público adulto, tornando-se um importante centro de formação de profissionais que vão supervisionar experiências no Brasil e América Latina.

Fontes de Pesquisa

AZEVEDO, Fernando Antonio G. Movimento Escolinhas de Arte: em cena Noêmia Varela e Ana Mae Barbosa. Dissertação de Mestrado, ECA/ USP, 2001, 166pp.

AZEVEDO, Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo. Sobre Augusto Rodrigues e o Movimento Escolinhas de Arte. Disponível em: [http://www.funarte.gov.br/vsa/download/down05/Fernando_Azevedo.doc]. Acesso em: 20 fev 2006.

ZANINI, Walter. História Geral da Arte no Brasil, São Paulo, Instituto Moreira Salles/ Fundação Djalma Guimarães, 1983, 2 vols. 1116 pp. il. p& b. color.


Onde eu encontrei:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=3757

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